Sim, elas sempre existiram. Diferenças de qualidade em peças automotivas ainda são a mola propulsora desse tipo de comércio no Brasil. A questão é simples: oferta e procura – maior e menor preço. Como em qualquer outro setor, a qualidade é proporcional ao preço, quanto mais tecnologia, componentes de primeira linha, mais cara é a peça de reposição, aquela que vai ser substituída no seu carro.
Na hora da troca, seja por defeito ou manutenção, é sempre bom avaliar o melhor para a sua segurança. O bolso não importa nessa hora. Caso não seja possível, melhor deixar o carro parado até conseguir arcar com despesas mais altas.
Mas alguém pode afirmar: “Eu usei uma peça não original e estou satisfeito… Ficou igual a original (ou de boa qualidade). Pode ser que sim. Mas com certeza você se sentiu como piloto de prova de carro, ou melhor, da peça que colocou no seu carro. Sentiu isso na preocupação, na dúvida por poder acontecer algo, mesmo que seja por um breve momento ou dois. Sem nenhum exagero, é exatamente isso que acontece: seu carro testa a peça porque ela nunca foi testada no modelo da fábrica. Por isso é bom saber reconhecer ou ter conhecimento das diferenças de qualidades entre peças de carro.
Na maioria das vezes a marca da peça é indicada pelo mecânico, se ele não for de autorizada. É uma prática comum em oficinas menores e até em grandes oficinas não oficiais de fábrica. Mesmo antes de indicar uma peça original, outra pode estar sendo sugerida simplesmente por causa do lucro maior que o mecânico vai ter. É claro que há exceções, onde a ideia é ajudar o cliente que já manifestou susto pelo orçamento. Mas vale o mesmo de sempre: o que importa é a segurança do seu carro, a sua e de sua família. Veja abaixo os tipos de peças que existem no mercado.
Peças novas
Existem as de fábricas, originais e politicamente corretas de comprar. O preço é alto, como dito acima. Mas algumas podem surpreender e até ter um preço bem menor que lojas de peças. São encontradas em autorizadas e dimensionadas e testadas para o carro em questão. Mas também encontramos peças novas, porém não são de fábrica. São chamadas de paralelas, ou cópias. Como uma peça de fábrica tem patente é óbvio que alguma diferença tem que existir entre as duas. Embora seja bem mais barata e possa funcionar, ela não foi testada no seu carro. Um exemplo é a bobina de ignição da linha GM. Uma bobina paralela funciona, o carro fica normal. Mas a luz de injeção fica acesa acusando defeito na bobina. É assim exatamente porque ela não segue os padrões elétricos precisos da fábrica.
Peças remanufaturadas
Existem dois tipos
São aquelas onde se recupera tudo, mas sem parâmetros da fábrica. Como exemplo: um alternador é remanufaturado trocando todas suas peças internas por peças novas, mas do mercado paralelo. Apenas a carcaça é original se estiver em bom estado. O serviço também tem boa aparência, pois a carcaça costuma ser jateada. O mesmo pode acontecer com kits de embreagem, setor de direção, bomba de direção hidráulica, e até amortecedores. Muitas peças, ou conjunto de peças, se encaixam nesse comércio. O preço é mais baixo que uma peça nova, mas a garantia é menor e a durabilidade também.
Mas também existem no mercado peças remanufaturadas pela própria fábrica. Como assim? Simples. Elas não passam no controle de qualidade ou apresentam algum defeito, são consertadas com peças originais e vendidas no mercado com a indicação de peça remanufaturada. O preço é bom se pensarmos ser uma peça original consertada originalmente. A possibilidade de ser idêntica a uma original que não deu problema é bem grande.
Peças reformadas
Essas são bem mais baratas, ou deveriam ser. A lei da oferta e procura vai ditar o preço final. É mais aplicado em um conjunto de peças, ou um acessório com peças internas. Mas também pode ser uma peça com rolamento, por exemplo, como cubo de roda. Ela pode passar por um torneiro e o rolamento é trocado. Nesse caso de reforma, o costume é trocar somente as peças estragadas, aproveitando as outras. As peças substituídas podem ser novas ou também reformadas, principalmente as elétricas. Também é conhecida como “peça recuperada” e é considerado um serviço artesanal, feito para durar um pouco mais. Muito usado em carros mais antigos. Tem bom preço, mas é um paliativo. Até baterias podem ser reformadas.
Peças usadas
Jamais devem ser reutilizadas.
É bom ter em mente que existem empresas especializadas em recondicionar peças. Nesse caso o que manda é a segurança e também idoneidade para ter confiança no serviço. O correto é usar serviços assim em peças que não comprometam a segurança do seu carro, como a suspensão e direção (não usar nesses casos). Nesses casos é melhor abrir a mão e gastar mais. Uma pesquisa de preços pode surpreender.